Talvez você nunca encontre alguém especial, mas isso não significa que não vá encontrar um amor especial na vida. Se determinarmos que o amor romântico é o único amor “real”, não reconheceremos o amor que podemos multiplicar nos nossos relacionamentos. Existem tantas possibilidades de relacionamentos, tanto amor à nossa volta. Todos seríamos muito felizes se vivêssemos e morrêssemos cercados pelo tipo de amor que Hillary conseguiu despertar. Não existe um relacionamento que posso ser considerado insignificante ou acidental. Cada encontro ou interação com qualquer pessoa, do cônjuge a uma telefonista anônima, mesmo que seja breve, profundo, positivo, neutro ou doloroso, é significativo. Até mesmo o encontro mais trivial com um desconhecido que passa por nós pode nos ensinar muito a respeito de nós mesmos. Cada pessoa que encontramos encerra a possibilidade de nos trazer um grande amor e de estabelecer um magnífico relacionamento onde menos esperamos encontra-lo. Exigimos muito dos nossos relacionamentos românticos: cura, felicidade, amor, segurança, gratificação e companheirismo. Também queremos que o nosso parceiro “conserte” a nossa vida, nos tire da depressão ou nos proporcione uma imensa alegria. Somos especialmente exigentes nesses relacionamentos e esperamos que eles nos façam felizes de todas as maneiras. Muitos até acreditam que encontrar alguém especial irá melhorar todos os aspectos da sua vida. Talvez não pensemos assim conscientemente, mas, se nos examinarmos mais profundamente, descobriremos que esta crença está presente. Você nunca teve um pensamento do tipo “Se eu fosse casado ou casada tudo seria maravilhoso?” Uma coisa é encarar os relacionamentos românticos como experiências gratificantes que, apesar dos desafios que apresentam, podem ser desejáveis. Eles trazem à tona o que temos de melhor e contribuem para nossa auto-imagem. Os problemas surgem quando erroneamente acreditamos que eles vão “dar um jeito” em nossos problemas. Os relacionamentos não podem nos consertar; acreditar nisso é imaginar-se num conto de fada. No entanto, de algum modo todos nós acreditamos em contos de fada, achando que o encontro com o Príncipe Encantado ou com a Mulher Ideal nos tornará inteiros e completos. Sutilmente a cultura em que vivemos nos transmitiu a idéia de que enquanto não encontrarmos essa pessoa especial – a nossa “outra metade” – seremos pessoas incompletas. Mas a mentalidade dos contos de fada tem um aspecto nefasto porque entrega à outra pessoa a responsabilidade que é só nossa de nos tornarmos pessoas melhores ou mais felizes, de lidarmos com os problemas profissionais ou domésticos, de enfrentarmos os desafios da vida. A mentalidade mágica dos contos de fada nos faz acreditar que a totalidade, a plenitude e as soluções para a nossa vida emanarão de uma pessoa especial.
Livro: Os Segredos da Vida Autores: Elisabeth Kübler-Ross & David Kessler Tradução: Cláudia Gerpe Duarte Edição: 2004
No comments:
Post a Comment